Francisco Gonçalves Perez ressalta o crescimento silencioso de um dos maiores vilões da saúde financeira: as dívidas rotativas do cartão de crédito. Embora muitas vezes subestimadas, essas dívidas funcionam como armadilhas que comprometem o orçamento das famílias por longos períodos. O problema não está apenas no valor, mas na taxa de juros, que pode ultrapassar os 400% ao ano no Brasil, tornando qualquer atraso um ciclo difícil de quebrar.
Muitos consumidores acreditam que pagar o valor mínimo da fatura é uma forma de manter o controle das finanças, mas na prática estão apenas postergando uma dívida que cresce a cada mês. O crédito rotativo é uma linha emergencial, não um recurso para uso contínuo. A falta de informação e planejamento leva ao uso indiscriminado desse mecanismo, que, se não for contido, transforma o cartão em fonte de desorganização financeira.
Por que o crédito rotativo é tão perigoso?
O principal risco está nos juros elevados e no efeito bola de neve. Quando o consumidor paga apenas parte da fatura do cartão, o restante entra no rotativo, acumulando encargos diariamente. Francisco Gonçalves Peres explica que o modelo de cobrança favorece o endividamento prolongado, pois os juros incidem sobre o saldo total, inclusive sobre juros anteriores, acelerando o crescimento da dívida.
O problema é agravado pelo perfil de consumo incentivado por instituições financeiras. Compras parceladas, ofertas de crédito pré-aprovado e limites elevados criam uma falsa sensação de poder de compra. O consumidor, muitas vezes, não percebe o acúmulo de parcelas e entra no rotativo acreditando que é uma situação pontual. Quando se dá conta, está preso a uma dívida que compromete boa parte da renda mensal.
Quais os sinais de que a dívida rotativa está fora de controle?
O primeiro alerta é o uso frequente do pagamento mínimo da fatura. Quando isso se torna recorrente, é sinal de que o orçamento não está equilibrado. Outro indício é a necessidade de usar o próprio cartão para pagar contas fixas, como água, luz e supermercado, um claro indicativo de que os gastos essenciais já ultrapassaram a capacidade de pagamento. Francisco Gonçalves Perez chama atenção para a perda de controle dos vencimentos e a falta de visão do total comprometido.

Francisco Gonçalves Peres
A ausência de planejamento financeiro também contribui para o agravamento da situação. Quando o consumidor não sabe exatamente quanto deve ou ignora os juros incidentes, a dívida se torna invisível até se transformar em uma crise. O impacto psicológico também é real: a ansiedade gerada pela falta de controle financeiro afeta o bem-estar e a produtividade, criando um ciclo emocional difícil de interromper.
O que pode ser feito para evitar cair nessa armadilha?
A primeira medida é simples, mas nem sempre seguida: pagar sempre o valor total da fatura, dentro do prazo. Se isso não for possível, é melhor buscar alternativas como o parcelamento da fatura com juros menores ou até empréstimos pessoais com taxas mais baixas. Francisco Gonçalves Peres recomenda que o consumidor conheça bem seus limites e evite o uso do cartão como extensão da renda.
Outra estratégia eficaz é a construção de uma reserva de emergência, que permite lidar com imprevistos sem recorrer ao crédito rotativo. Organizar as finanças por meio de um orçamento mensal, categorizando os gastos e acompanhando entradas e saídas, ajuda a identificar desequilíbrios com antecedência. Mais do que cortar despesas, é preciso criar consciência sobre o impacto de cada escolha de consumo no futuro financeiro.
Educação financeira como ferramenta de prevenção
Evitar o rotativo é uma questão de hábito e conhecimento. Quanto maior o nível de educação financeira, menor a chance de cair nessa armadilha. Isso passa por entender como funcionam os juros compostos, como calcular o custo efetivo total de uma dívida e como planejar objetivos de curto, médio e longo prazo. A disciplina financeira se aprende e se desenvolve com prática e acompanhamento.
Francisco Gonçalves Perez defende que a prevenção passa também por políticas públicas, regulação do crédito e iniciativas de orientação ao consumidor. Enquanto isso não avança de forma efetiva, cabe a cada pessoa assumir o protagonismo sobre sua vida financeira. O cartão de crédito pode ser um aliado, mas só quando usado com responsabilidade. Caso contrário, torna-se o ponto de partida de um endividamento invisível, mas devastador.
Autor: Staux Umeran