A divisão de terras no campo costuma envolver mais do que documentos. Para o advogado especialista Dr. Christian Zini Amorim, a sucessão patrimonial rural ainda é um dos temas mais delicados entre famílias, principalmente quando o produtor envelhece e não há um plano claro de transição e sucessão. Sem organização, o patrimônio acaba virando motivo de disputa e conflitos internos.
O erro mais comum é deixar tudo para ser resolvido só depois da morte. Nesses casos, os herdeiros muitas vezes descobrem problemas fundiários, falta de registro ou discordâncias quanto à gestão da terra. E quando não há consenso, as brigas vão parar na justiça, com processos longos e prejuízos para todos os lados, afinal, o negócio não avança durante esses processos.
Dá para organizar a sucessão da fazenda ainda em vida?
Sim, e essa é a melhor escolha. A chamada sucessão planejada permite que o proprietário defina, com calma e estratégia, como será feita a transição do patrimônio. O Dr. Christian Zini Amorim explica que é possível criar estruturas jurídicas como holdings familiares ou doações com reserva de usufruto, que ajudam a manter o controle durante a vida e evitar conflitos futuros.

Christian Zini Amorim
Esse processo também permite avaliar o interesse real dos herdeiros na continuidade das atividades rurais. Muitas vezes, nem todos querem seguir no campo, o que exige soluções flexíveis, como divisão proporcional de bens ou venda parcial das áreas. Com diálogo e assessoria jurídica, é possível alinhar interesses e preservar o patrimônio sem tanta dor de cabeça.
O que fazer quando a terra está irregular?
Regularizar antes de dividir. Se o imóvel rural está sem matrícula, com sobreposições ou pendências ambientais, o ideal é resolver tudo antes da partilha. Um bem irregular causa atrasos, discussões e pode até inviabilizar a divisão. Por isso, organizar documentos, fazer georreferenciamento e atualizar registros é etapa obrigatória. Verificar se há dívidas vinculadas ao imóvel ou obrigações legais pendentes, como reserva legal e averbações também é fundamental.
Inventário ou holding: o que é melhor?
Depende do perfil da família e da propriedade. O inventário é obrigatório quando não há planejamento prévio e pode ser feito judicial ou extrajudicialmente. Já a holding familiar é uma estrutura criada ainda em vida, que permite organizar o patrimônio em forma de empresa, facilitando a gestão e a sucessão.
O advogado especialista Dr. Christian Zini Amorim aponta que a holding oferece mais controle, economia tributária e flexibilidade, mas exige planejamento. Para famílias com grande extensão de terras ou ativos diversificados, essa costuma ser a solução mais eficiente. Em todos os casos, a orientação de um advogado especializado é essencial para escolher o caminho mais adequado.
Terra dividida com sabedoria preserva histórias
Mais do que hectares, a herança rural carrega memórias, trabalho e identidade familiar. Planejar essa transição é um gesto de respeito com o passado e responsabilidade com o futuro. O Dr. Christian Zini Amorim reforça que, com diálogo, documentação em dia e apoio jurídico, é possível evitar conflitos e fortalecer os laços entre os que ficam, sem prejudicar a prosperidade do negócio.
Autor: Staux Umeran