Indissociável do campo, a tecnologia é hoje uma das bases para que o tripé da sustentabilidade funcione no agronegócio.

Essencial para o tripé da sustentabilidade, atualmente a tecnologia é indissociável do campo, tanto para estimular e impulsionar a Governança ambiental, social e corporativa (ESG) quanto para facilitar a vida dos produtores. Em Mato Grosso do Sul, o drone tem feito parte da grande transformação da agricultura e pecuária quando o assunto é preservação ambiental e redução de gastos.

Apesar de os primeiros protótipos de drones terem nascido há mais de 50 anos, o equipamento só foi popularizado a partir dos anos 2000 e, até nos dias atuais, ainda pode ser novidade para os mais conservadores. Nesta reportagem especial, o g1 apresenta os principais benefícios e desafios para os produtores que desejam implementar a tecnologia no campo.

Como os drones decolaram a agricultura de precisão

A agricultura surgiu há milhares de anos e foi fundamental para a evolução humana. Graças aos primeiros grãos plantados à beira dos rios do Oriente Médio, o homem deixou de ser nômade e aderiu ao sedentarismo. No decorrer dos dez mil anos seguintes, as plantações ficaram cada vez maiores e a agricultura foi afetada por fenômenos externos: principalmente o da globalização e dos avanços tecnológicos.

Quando ainda não existiam celulares, computadores, tampouco inteligência artificial, as técnicas convencionais utilizadas na agricultura tratavam o solo como uma única unidade. Ou seja, toda a plantação recebia o mesmo tipo de tratamento, a mesma quantidade e formulação de adubos e fertilizantes. A adesão de softwares e algoritmos ao campo permitiu que cada pedacinho de terra fosse analisado de forma única e recebesse a quantia necessária de cada produto.

Assim surgiu a agricultura de precisão, a técnica que usa a tecnologia para aperfeiçoar ao máximo a produção de grãos – ou de pastagens, no caso da pecuária.

Para o presidente do Sindicato Rural de Campo Grande (SRCG), Alessandro Oliva Coelho, a tecnologia transcende a apenas o pensamento de “máquinas” e permeia em cada aspecto da atividade agrícola, desde o solo até a genética das plantas.

Com essa visão o produtor destaca que o progresso para o uso do drone na agricultura contribui para o desenvolvimento do setor, resultando em maior produtividade e qualidade dos produtos para os consumidores.

“Os protocolos de manejo evitam que as culturas se desenvolvam com doença fazendo com que os produtos sejam muito eficientes não só na aplicação, mas também na segurança alimentar do consumidor. Quanto mais pontual e precisa essa agricultura for, mais eficiente a produção e mais rentável para o produtor”, explica o presidente do SRCG.

Alessandro relatou ao g1 que, como produtor, utiliza o drone há dois anos e, apesar de lembrar a máquina de pulverização aérea, a ferramenta é hoje muito mais eficiente.

“O drone tem o poder de pulverização mais eficiente, onde opera nos horários melhores, trabalha com um pessoal mais enxuto e com muita segurança para os aplicadores dos insumos necessários. E não somente na parte de agroquímicos, mas também na questão de pulverização de sementes”, afirmou coelho.

Assim como Alessandro destaca a praticidade do drone, o pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Mateus Figueirêdo Santos, aponta as principais utilidades que o novo maquinário proporcionou ao agronegócio de Mato Grosso do Sul

“A principal importância do uso de drones nos campos de pastagens e cultivos é na automação das atividades que são normalmente feitas nessas áreas, onde você vai utilizar um veículo não tripulado, diferente dos aviões. Com esses veículos é possível cobrir grandes áreas, em menos tempo, com custo menor e com uma maior precisão na realização dessas tarefas. Além disso, você pode ter informações em tempo real de como estão diversas condições da sua pastagem ou da sua lavoura”, explica.
Com o uso da tecnologia, o produtor consegue maior eficiência na aplicação de insumos e evita desperdícios. Ou seja, o drone faz com que uma menor quantia de produto se transforme em maiores resultados.

Outro pesquisador da Embrapa, Paulo Cançado, lembra que além de baratear a produção, aplicar inseticidas em regiões segmentadas como auxílio de drones também gera grande benefício ambiental.

“A gente já sabe que o drone usa, aproximadamente, entre 10% e 20% da água na área disponível para reprodução. Então, você imagina que existe uma fazenda de cana de 10 mil hectares, ele vai usar 20% dessa área. Se você não sabe onde está esse 20%, você vai ter que tratar com inseticida, por exemplo, a área toda. Se com o drone a gente conseguir identificar exatamente onde está o foco de reprodução, a gente vai tratar os exatos 20%. Tendo uma redução de custo, porque gasta menos com inseticida, além do benefício ambiental, já que será usado menos produto no ambiente”, esclarece, Paulo Cançado, veterinário e pesquisador da Embrapa.
De acordo com Mateus Figueirêdo, o drone é uma plataforma que carrega outro equipamento que vai complementar para realizar a atividade.

“Um equipamento muito utilizado juntamente ao drone são os containers de implementos, como inseticidas, que vão carregar e aplicar os herbicidas nas lavouras. Então o drone é uma plataforma que tem um custo inferior a um avião, é um equipamento de fácil operação, que, apesar de necessitar de todo o treinamento de uma equipe, não é como se opera um avião. Além de apresentar um menor custo nas aplicações e uma boa cobertura de área”, ressalta.

Segundo o pesquisador, na agricultura local, o drone já vem sendo utilizado no monitoramento de pastagens, na verificação do crescimento dos pastos, para verificar se já podem ter entrada ou saída de animais. No caso da agricultura, na produção de soja, por exemplo, ele vem sendo utilizado na aplicação de inseticida, de herbicidas, fungicidas e também o semeio das sementes.

“No último caso o drone carrega um contêiner de 50kg de sementes para esse semeio, coisa que normalmente é feita por aviões, porém nesses casos tem uma maior precisão e também um menor custo de aplicação”.

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